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Origem do cabo-verdiano

No Continente Africano

Os mandingos pertencem ao maior grupo etnolinguístico da África Ocidental - o Mandè - que conta com mais de 20 milhões de pessoas (incluindo os diulas, os bozos e os bambaras). Originários do atual Mali, os mandingos ganharam a sua independencia de impérios anteriores no século XIII e fundaram um império que se estendeu ao longo da África Ocidental. Migraram para oeste a partir do rio Níger à procura de melhores terras agrícolas e de mais oportunidades de conquista. Através de uma série de conflitos, primeiramente com os fulas (organizados no reino de Fouta Djallon), levaram metade da população mandingo a converter-se do animismo ao islamismo. Hoje, cerca de 99% dos mandingos em África são muçulmanos, com algumas pequenas comunidades animistas e cristãs. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, cerca de um terço da população mandinga foi embarcada para a América como escravos, após a captura em conflitos. Uma parte significativa dos afro-americanos nos Estados Unidos são descendentes de mandingos. Os mandingos vivem principalmente na África Ocidental, particularmente na Gâmbia, Guiné, Mali, Serra Leoa, Costa do Marfim, Senegal, Burquina Faso, Libéria, Guiné-Bissau, Níger, Mauritânia, havendo mesmo algumas comunidades pequenas no Chade, na África Central. Embora bastante dispersos, não se constituem no maior grupo étnico em qualquer dos países em que vivem, exceto na Gâmbia. Guiné-Bissau integrava o reino de Gabu, tributário do legendário Império Mali, dos mandingas, que florescera a partir de 1235 e subsistiu até o século XVIII. Os grupos étnicos eram os balantes, os fulanis, os mandayakos e os molinkes, papeis, bijagoz, alguns felupes e jalofos.

A colonização portuguesa em África foi o resultado dos descobrimentos e começou com a ocupação das Ilhas Canárias ainda no princípio do século XIV. A primeira ocupação violenta dos portugueses na África foi a conquista de Ceuta em 1415. Mas a verdadeira "descoberta" de África iniciou-se um pouco mais tarde, mas ainda no século XV.
Os portugueses chegaram a Guiné-Bissau estima-se que foi em 1446, mas a colonização só tem início em 1558, com a fundação da vila de Cacheu. A princípio somente as margens dos rios e o litoral foram explorados. A colonização do interior só se dá a partir do século XIX.
Em 1460, Diogo Gomes descobre Cabo Verde(embora existem indícios que cabo-verde foi descoberto por outros povos antes dos portugueses) e segue-se a ocupação das ilhas ainda no século XV, povoamento este que se prolongou até ao século XIX.! Guiné-Bissau e cabo-verde foram as primeiras colónias portuguesas, os portugueses iniciaram o comércio de escravos para cabo-verde por volta de 1510.
Durante a segunda metade do século XV os portugueses foram estabelecendo feitorias nos portos do litoral oeste africano. No virar do século, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, abrindo as portas para a colonização da costa oriental da África pelos europeus.

A partir de meados do século XVI, os ingleses, os franceses e os holandeses expulsam os portugueses das melhores zonas costeiras para o comércio de escravos. Portugal e Espanha conservam antigas colónias. Os portugueses continuam com Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

O Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica.

O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio-caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como "Cipango"e Antília. Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal a 5 de Setembro de 1494.

O povoamento e colonização de Cabo Verde deve-se à sua privilegiada
posição geográfica, não só em relação à rica região fronteira do continente
africano, mas também no que toca à sua função de porto de escala
obrigatória das grandes rotas da navegação atlântica. Referindo-se à ilha de
Santiago, um documento de 25 de Outubro de 1512 diz que "é grande escala
pera as naus e navios de Sua Alteza, e asi pera os navios de São Tomé e ilha
do Príncipe e pera os navios que vão do Brasil e da Mina e de todas as partes
de Guiné, que quando aqui chegam perdidos e sem mantimento e gente aqui
são remediados e providos de tudo o que lhes faz mester" .
De facto, enquanto a Madeira e as Canárias eram portos de escala nas
viagens de ida e os Açores nas de regresso, Cabo Verde assumiu-se desde
sempre como uma importante placa giratória da navegação atlântica, pois aí
se cruzavam a rota da Guiné, a rota do Congo/Angola e a rota do Cabo e aí
aportavam os navios do Brasil e os da rota das Índias de Castela.
Compreende-se, assim, a enorme importância geo-estratégica de Cabo
Verde, quer na penetração dos europeus no continente africano, quer como
grande centro da teia das grandes rotas atlânticas.
A ilha de Santiago, pelo facto de ser a maior e a que possuía melhores portos
e água doce, foi a primeira a ser povoada, o que ocorreu a um ritmo
significativo graças à chegada de numerosos carregamentos de escravos
negros dos Rios da Guiné. Assim, foi decidido dividir a ilha em duas
capitanias: uma com capital na Ribeira Grande (hoje a Cidade Velha) e outra
com capital em Alcatraz, que por ser muito pobre acabou por ter uma
duração reduzida.
Antonio de Noli foi o primeiro a chegar a Santiago, em 1462, acompanhado
de alguns membros da sua família e de portugueses oriundos do Alentejo e
do Algarve; instalaram-se na Ribeira Grande, dando início ao primeiro
povoado. Essa localidade foi escolhida por ser dotada de uma enseada
defronte da foz de uma então rica ribeira e por possuir recantos onde os
navios podiam abrigar-se. Dispunha igualmente, nas proximidades imediatas,
de terreno onde viriam a ser lançadas as bases de desenvolvimento de uma
agricultura de rentabilidade e outra de subsistência.
Os primeiros povoadores da ilha do Fogo chegaram entre 1480 e 1493. A
iniciativa do povoamento desta ilha partiu dos povoadores de Santiago, uma
vez que esta era a ilha mais próxima e também uma grande produtora de
algodão, apesar de em termos orográficos e hídricos não exercer qualquer
atractivo. A ilha do Fogo acabava por ser, na época, uma espécie de
prolongamento da ilha de Santiago.
A ilha do Maio foi a terceira ilha a ser povoada. Aí foi criada uma capitania,
que depois foi vendida, e só com a tomada de posição do rei foi possível
reavê-la, sendo depois dividida em duas para que houvesse um povoamento
mais rápido.
Boavista e Santo Antão só foram povoadas no século XVI, embora já fossem
usadas anteriormente para a criação de gado. Quanto às ilhas de S. Vicente,
Santa Luzia, S. Nicolau, Sal e Brava, o seu povoamento só se realizou nos
finais do século XVII e princípios do século XVIII, sendo utilizadas, tal como
Boavista e Santo Antão, para a criação de gado. Na ilha do Sal, durante estes
séculos aproveitou-se para fazer igualmente a extracção de sal. Pelo facto
de em todas as ilhas se desenvolverem actividades económicas, em todas
se criaram capitanias.

O tratado de Saragoça(O tratado delimitava as zonas de influência portuguesa e espanhola na Ásia para solucionar a chamada "Questão das Molucas", em que ambos os reinos reclamavam para si aquelas ilhas, considerando-as dentro da sua zona de exploração estabelecida no Tratado de Tordesilhas de 1494. O conflito nascera em 1520, quando as explorações de ambos os reinos atingiram o Oceano Pacífico, dado que não fora estabelecido um limite a leste.) Portugal teve um maior controlo sobre as suas colónias mesmo assim houve muita influencia de outros países europeus

Lavagens cerebrais levadas para o povo Cabo-verdiano

Os colonizadores europeus quando iam para África, iam juntamente com biólogos médicos, mercadores, missionários, antropólogos e exercito...

A população de origem portuguesa logicamente não era composta apenas por gentes ligados a actividade comercial. À medida que a sociedade ia se desenvolvendo e estruturando iam surgir outros agentes para o controle e regulamentação das actividades comerciais que ai se desenvolviam, para a gestão político-administrativa, para a assistência espiritual, para assistência sanitária, etc...

Na obra de evangelização de várias Igrejas, os povos indígenas nem sempre tiveram suas culturas respeitadas. Ao longo dos séculos, missionários, militares e mercadores foram estritos aliados numa sangrenta colonização de exploração e imposição religiosa dos primeiros habitantes dos cinco continentes.

Onde a conquista pela espada avançava, as populações eram obrigadas a tornarem-se cristãs. A necessidade da sujeição pela força era uma convicção muito forte para os missionários que evangelizaram os territórios colonizados.

Só algumas vozes proféticas levantaram-se corajosamente em defesa dos indígenas, causando alvoroço e escândalo no meio da sociedade branca. Mas não conseguiram mudar o quadro geral da prática missionária.

As fronteiras na África foram determinadas entre os séculos 15 e 16, com a colonização europeia. Como cada país europeu conquistou regiões diferentes, então as fronteiras respeitaram essa divisão. Como, no entanto, a marcação territorial não respeitou a distribuição dos povos que já viviam ali, alguns deles foram divididos em diferentes países ou, em alguns casos, grupos inimigos ficaram sob o mesmo governo.

em cabo-verde rabelados(revoltados) uma comunidade que menus se misturou com os europeus, e que perseveram muito  a cultura africana durante os tempos, revoltados com a igreja católica  que "nos anos 40 do século XX a Igreja Católica enviou para Cabo Verde  alguns padres para substituir os locais, introduzindo alterações na  celebração das missas e nos costumes religiosos, nomeadamente o ensino  da religião" que não foi nada mais do que um acordo missionário e um  estatuto missionário, documentos assinados no inicio dos anos 40 entre  Portugal e o Vaticano, ideias baseadas ainda na ilusão de educar o povo a maneira europeia...ilusão de superioridade. Os Rebelados nunca aceitaram isso, então foram  ridicularizados pelo resto da sociedade, denunciados e perseguidos esse  grupo refugiou-se no interior da ilha de Santiago, nas zonas montanhosas  de difícil acesso, nomeadamente nos concelhos do Tarrafal e de Santa  Cruz.
Actualmente os "rabelados" a  sua maior comunidade vive em espinho branco, suas habitações São simples  e recusam modernidades cm TV, radio e outros tipos de aparelhos  ocidentais, comunidade dedica-se a agricultura a pesca e artesanato.
Seus actos religiosos são aos sábados ou domingos e nestes dias não trabalham e ficam de jejum ate ao meio do dia.
Os rabelados tendem a desaparecer devido ao desaparecimento dos membros  mais Antigos e a nova geração já não pratica as cerimonias religiosas e  acham ridículo as regras dos seus antepassados e vão-se afastando.
O  líder da comunidade senhor Agostinho morreu em 2006 agora o líder da  comunidade de espinho branco e senhor Moisés Lopes pereira.


Os antropólogos e biólogos tinham como missão classificar os povos em África conquistados pelos colonizadores, defini-los em tribos classifica-los em etnias. Hoje muitos povos africanos vivem em tribos, e estão divididos em etnias
No início, todos os que chegavam a Cabo Verde desembarcavam na ilha de Santiago, na Cidade Velha, onde se situava o entreposto português e para lá iam os navios que transportavam escravos, comida e outras mercadorias.
Os portugueses povoaram as ilhas, enviando para lá pessoas que as habitassem. Essas pessoas, de certa forma, ajudavam aqueles que ficavam na Cidade Velha e, a partir daí, foram apelidados de «Sampadjudos», que quer dizer «sempre ajudam».
Outros dizem que em Santiago havia tudo: chovia e a agricultura era forte, havendo excesso de produção. Era então colhido só o necessário para o sustento da população, ficando o restante nos campos e era permitido aos que chegavam à ilha colherem e utilizarem aquilo que necessitassem. Dessa maneira diziam-lhes que «sempre ajudaram».
Os ex-escravos que ficaram na ilha de Santiago, após a abolição da escravatura, recusaram-se a trabalhar para os antigos senhores. Viviam da pesca e de alguma cultura. Eram considerados «preguiçosos» e eram chamados pelos portugueses de «vadios». Como naquela época já se começava a falar o dialecto Crioulo, a palavra «vadio» foi transformada em «Badio». Assim, quem nasce em Santiago é «Badio» e, de qualquer forma, todos os que nascem nas outras oito ilhas são apelidadas de «Sampadjudos».

As revoltas

Desde os primórdios da ocupação/povoamento de Cabo Verde, várias foram
as formas de resistência (tanto pacífica como violenta) à dominação colonial
portuguesa, como por  exemplo a fuga de escravos para se subtraírem aos
horrores da escravidão a que eram submetidos. Esse processo teve
obviamente maior expressão a seguir à da proclamação da Independência do Brasil.
Na Ribeira de Engenhos, em 1822, deu-se o levantamento de camponeses,
entre os quais propalava a ideia da independência de Cabo Verde, que devia
unir-se ao Brasil; em 1835, revoltaram-se escravos de Monte Agarro,
localidade situada a cerca de 4 quilómetros da cidade da Praia; em 1836,
eclodiu uma rebelião de escravos e jornaleiros na ilha do Sal, arvorando a
bandeira que tomaram no consulado do Brasil ; em 1841, registou-se uma
sublevação de 300 rendeiros de Achada Falcão que, empunhando facas e
cacetes, exortavam a adesão da população para um protesto contra o
pagamento das rendas aos proprietários, por considerarem que as terras
deviam pertencer-lhes (Santiago); a 17 de Abril de 1886, mais de mil pessoas,
partindo de várias freguesias do Paul, marcharam sobre Ribeira Grande
(Santo Antão) que ocuparam durante cinco dias (a praça do Concelho, a
Câmara Municipal e várias repartições públicas) para protestarem contra
injustiças e vexames a que estavam submetidos e contra a sobrecarga da 12
contribuição predial; a 20 de Abril de 1891, mais de 2 000 trabalhadores das
companhias carvoeiras de São Vicente, despedidos devido à paralisação da
navegação e do comércio no Porto Grande, dirigiram-se aos Paços do
Concelho exigindo trabalho para não morrerem de fome; a 12 de Fevereiro de
1910 explodiu uma revolta de rendeiros de Ribeirão Manuel, liderada por Ana
Veiga (Santa Catarina - Santiago) que se recusavam a pagar as rendas aos
“morgados” e passaram a colher, sem licença, semente de purgueira nas
propriedades dos mesmos; na consequência das frequentes crises que
assolaram o país nos inícios da década de 1920, proprietários de Achada
Portal (Tarrafal - Santiago) sublevaram-se; nos dias 28 e 29 de Janeiro de
1929, período em que São Vicente atravessava mais uma das suas maiores
crises de emprego, eclodiu mais uma revolta, reunindo desta vez
trabalhadores, estudantes e professores; por ordem do Governo colonial, o
Comandante militar desta ilha instalou o Governo militar e assumiu todas as
atribuições policiais da cidade; a 7 de Junho de 1934, Nhô Ambrose - o
célebre Capitão Ambrósio de Gabriel Mariano - hasteando uma Negra
bandeira/Bandeira negra da fome, sobre a qual um comerciante escreveu
“CRISE”, encabeçou a manifestação de um grupo de indivíduos que acabou
por invadir a Alfândega, distribuir as mercadorias aí encontradas e continuar
depois, debaixo de perseguição policial, a abrir armazéns de diversas casas comerciais para confiscar as mercadorias e distribuí-las pelo povo da ilha"
A revolução em Saint-Domingue, atual Haiti, em 1791-1804
constituiu a primeira revolução de escravos bem-sucedida da História.
A antiga colônia francesa de Saint-Domingue tornou-se a primeira
nação negra independente na longa história das lutas nativas contra o imperialismo colonial e ela acabou por infulênciar as outras colónias.

Fome 1910

Quando os colonizadores chegaram a cabo-verde deram-lhe esse nome porque o arquipélago era coberto por uma imensa vegetação... produzia-se algodão, açúcar, milho, café etc.. produtos esses que enriquecia cada vez mais os portugueses donos das plantações para fazer a comercialização dos produtos na Europa, para a ganancia colonialista fazer mais lucro destruíram muitas florestas que cabo-verde tinha, para fazer mais plantações numa altura que a terra produzia muito, os proprietários deixaram a terra desgastar-se até perder as boas qualidades que tinha depois com a falta da chuva, o sol acabou com o resto de verdura que o arquipélago possuía e os proprietários nada fizeram para evitar esse desgaste, dai uma grande parte da população foi morrendo de fome...
A 12 de Fevereiro de 1910 explodiu uma revolta de rendeiros de Ribeirão Manuel, liderada por Ana Veiga (Santa Catarina - Santiago) que se recusavam a pagar as rendas aos “morgados” e passaram a colher, sem licença, semente de purgueira nas
propriedades dos mesmos; na consequência das frequentes crises que
assolaram o país nos inícios da década de 1920, proprietários de Achada
Portal (Tarrafal - Santiago) sublevaram-se; nos dias 28 e 29 de Janeiro de
1929, período em que São Vicente atravessava mais uma das suas maiores
crises de emprego, eclodiu mais uma revolta, reunindo desta vez
trabalhadores, estudantes e professores; por ordem do Governo colonial, o
Comandante militar desta ilha instalou o Governo militar e assumiu todas as
atribuições policiais da cidade; a 7 de Junho de 1934, Nhô Ambrose - o
célebre Capitão Ambrósio de Gabriel Mariano - hasteando uma Negra
bandeira/Bandeira negra da fome, sobre a qual um comerciante escreveu
“CRISE”, encabeçou a manifestação de um grupo de indivíduos que acabou
por invadir a Alfândega, distribuir as mercadorias aí encontradas e continuar
depois, debaixo de perseguição policial, a abrir armazéns de diversas casas
comerciais para confiscar as mercadorias e distribuí-las pelo povo da ilha.
Até à Segunda Guerra Mundial, os movimentos sociais foram
sistematicamente reprimidos: enforcamentos, chicotadas, palmatoadas e
outras sevícias corporais, deportação entre as ilhas ou para outra colónia,
como aconteceu com Nhô Ambrose, que foi degredado para Angola.
Finalmente, as ideias de autonomia ou de independência nacional começam
a consolidar-se nos anos 40 com a geração de Amílcar Cabral. O seu
corolário foi a organização da luta de libertação nacional, com a criação, em
1956, em Bissau, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo
Verde (P.A.I.G.C.), de que Amílcar Cabral foi o principal promotor e ideólogo.
A partir daí, o seu percurso e o do Partido serão indissociáveis, até ao seu
assassinato, a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri.
A decisão de travar uma luta conjunta tinha o seu fundamento na história
comum desses dois países. Cabo Verde foi essencialmente povoado por
escravos ou negros livres vindos sobretudo da Guiné-Bissau, que desde 1466
tinha ficado ligado a Cabo Verde por intermédio do comércio e do tráfico de
escravos. Em 1550, as autoridades coloniais portuguesas nomearam, pela
primeira vez, um Capitão-Geral para as ilhas, ficando esses dois países
submetidos à mesma administração, até 1868.
A concretização do pensamento nacionalista de Cabral fez-se, numa primeira
fase em Lisboa, onde prosseguia os seus estudos superiores de agronomia,
desde o primeiro ano do após-guerra (1945-1946). No Instituto Superior de
Agronomia participou, desde o primeiro ano, nas lutas reivindicativas da
juventude antifascista. No seio dos estudantes originários das outras
colónias portuguesas, ele informou-se e instruiu-se sobre a literatura
produzida por intelectuais africanos, que exprimia as aspirações dos povos à
autodeterminação e à independência.


Campo de concentração terrafal

No dia 29 de Outubro de 1936, faz agora 70 anos, desembarcavam na pequena baía do Tarrafal (Ilha de Santiago, arquipélago de Cabo Verde) 157 presos antifascistas, que iam inaugurar a chamada «Colónia Penal do Tarrafal», isto é, o Campo de Concentração do Tarrafal. Baptizado de «Campo da Morte Lenta», ele destinava se a ser o instrumento de eliminação física dos principais opositores do fascismo português, institucionalizado em 1933, com a designação de
Estado Novo. A primeira leva de presos, transportada no vapor Luanda, da antiga Companhia Colonial de Navegação, era constituída por comunistas, anarquistas, sindicalistas e anarco-sindicalistas, que tinham participado na greve geral de 18 de Janeiro de 1934; marinheiros dos navios de guerra Dão, Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias, que se tinham revoltado em 8 de Setembro de 1936; dirigentes políticos que se opunham ao Estado Novo; antifascistas considerados por Salazar como «perniciosos». Muitos desses presos já tinham cumprido as penas a que foram condenados; outros ainda não tinham sido julgados; alguns nem culpa formada tinham. Mercê da luta do povo português e da pressão internacional, sobretudo após o «desanuviamento» surgido com o fim da guerra da Coreia, em 1953, o Tarrafal foi encerrado em 26 de Janeiro de 1954. Durante o tempo que esteve a funcionar, centenas de portugueses foram encarcerados no «Campo da Morte Lenta», tendo muitos deles ali deixado a vida, como, por exemplo, o último secretário-geral da CGT, o ferroviário Mário Castelhano (1940), ou o secretário geral do PCP, Bento Gonçalves (1942). Com o advento das guerras coloniais, na década de 60, o Tarrafal foi reaberto, mas agora para internar os patriotas africanos, incluindo os de Cabo Verde, que lutavam pela independência dos seus países. Só a Revolução Democrática de 25 de Abril de 1974 pôs fim a essa câmara da morte.

Branqueamento cerebral

O facto de durante os tempos o povo viver gerações e gerações como escravos, viver sobre a condição de inferioridade em relação aos mais “clarinhos” com mistura europeia, Surge vários problemas de identidade.
Para afirmarem que Cabo Verde tinha uma identidade própria, os intelectuais Cabo-verdianos criaram vários conceitos. Uma delas é a Cabo-verdianidade. Este termo tem sido utilizado várias vezes por homens da cultura Cabo-verdianacomo léxico cultural para exprimir conceitos jamais vistos nos dicionários. Objectivo de muitos é querer impressionar aos menos atentos de que estes vocábulos fictícios rimamcom a cultura Cabo-verdiana. Este conceito surgiu com os nativistas. Eles defendiam que Cabo Verde tinha uma cultura, uma língua e uma identidade própria.
Este problema em torno da identidade do Cabo-verdiano não parou com os nativistas. Os claridosos também se preocupavam com isso. Eles defendiam uma identidade mestiça para o povo Cabo-verdiano. A Cabo-verdianidade aqui é entendida como a especificidade da cultura Cabo-verdiana dentro do contexto colonial português. Para eles a cultura Cabo-verdiana não é nem Europa nem África, e sim Cabo-verdiana.
Podemos dizer então que Cabo-verdianidade é sinónimo de mestiçagem. No caso concreto de Cabo Verde não pode processar-se num sentido exclusivamente europeizante, sob pena de despersonalização, de negação da parcial herança negro-africana, apesar de haver mais instrução, mais informação, muitos ainda advogam que não somos africanos na medida em que ambicionam ser europeus...

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